Uma rápida análise dos acontecimentos recentes na história da humanidade é suficiente para atordoar qualquer cientista social. Logo, um diagnóstico de época das primeiras décadas do seculo XXI, exigiria um esforço considerável.
Para alguns autores, a instabilidade social vai ter início nos anos setenta, com a égide neoliberal, o desenvolvimento tecnológico e o individualismo, características comuns aos sistemas capitalistas. Os benefícios oriundos do desenvolvimento científico tecnológico e social são abafados pelos efeitos colaterais que a exploração econômica desencadeia nos territórios marginalizados. No fim, não há bem que compense as cicatrizes deixadas nas comunidades e na natureza, vítimas sem voz da racionalidade hegemônica indiferente.
Para alguns autores, a instabilidade social vai ter início nos anos setenta, com a égide neoliberal, o desenvolvimento tecnológico e o individualismo, características comuns aos sistemas capitalistas. Os benefícios oriundos do desenvolvimento científico tecnológico e social são abafados pelos efeitos colaterais que a exploração econômica desencadeia nos territórios marginalizados. No fim, não há bem que compense as cicatrizes deixadas nas comunidades e na natureza, vítimas sem voz da racionalidade hegemônica indiferente.
O desenvolvimento científico e a tecnologia resultante deste, protagonistas da ontologia da modernidade, tornaram-se mero ferramental do capital financeiro. Embora alguns afirmem existir a possibilidade de se atuar para um capitalismo sustentável e responsável por meio de negócios sociais, o cerne daquele é implacável. O capitalismo se reinventa a cada crise, as custas do sacrifício de conquistas socais e humanas. Pode-se ousar a dizer que o sistema capitalista configura uma espécie de inteligência artificial, que tem como missão a sua própria perpetuação por meio da racionalidade dominante nos mais adversos cenários sociais.
Partindo da compreensão do capitalismo como um sistema viciado e deturpado da lógica social, busca-se meios de superação daquele para a construção de uma outra racionalidade, um outro paradigma de mundo. É nesse novo sistema social que repousam as esperanças de diversos teóricos otimistas e transparadigmáticos, como Boaventura de Sousa Santos. Tal vertente aposta que em um novo paradigma que venha a substituir o sistema capitalista através do resgate de conhecimento empírico de tradicional sem, contudo, rejeitar o conhecimento cientifico. Resgatando tradições econômicas e sociais rejeitadas e esquecidas por serem locais e periféricas.
Neste exato momento, o mundo se vê em uma situação caótica como há muito não se tinha notícias: uma pandemia desencadeada pelo apelo do consumo irracional de animais exóticos, desestruturou as bases da economia mundial afetando, inclusive, as estruturas sociais nos mais diversos territórios. Os efeitos da pandemia do COVID-19 no mundo pode ser ilustrados como a causa da queda de um castelo de cartas que era, aparentemente, sólido. Nesse cenário de caos e incertezas, novos arranjos de poder vão se formar, sempre bem aproveitados pelo poder econômico. Mas este jogo de poder admite outros players que não os tradicionais, que deverão se unir para ter algum impacto.
O pensamento aceleracionista nasce de ensaios de realismo especulativo sobre o futuro próximo, e entende que tudo que humano há de se acabar, dissolver-se no ar. A ideia é acelerar o capitalismo, de essência humana, para que isto acelere o seu fim e, a partir daí seja possível construir um novo paradigma societal. O vírus que assola a humanidade neste ano de 2020 só foi possível pelo capitalismo que criou necessidades e as transformou em mercados nos confins do mundo. Estamos vivendo uma consequência do capitalismo acelerado, uma tragédia poucas vezes vista antes, que deveria ser um ponto de autocrítica do modo de exploração vigente.
A incógnita permanece, pois não há como saber como irá se desenvolver a sociedade pós-pandemia. Há expectativas otimistas e pessimistas, mas uma coisa é certa, nada será como antes. Estamos diante de um ponto de ruptura de escala global, e nos resta esperar para ver como se saem os donos do jogo, se estes ainda ditarão as regras ou se, ainda, outros atores surgirem. Embora não tenha sido diretamente por meio da tecnologia ou da economia, a pandemia resultou do sistema capitalista que, por si só, acelerou os acontecimentos que podem levar ao fim deste.
Deixo aqui o questionamento me persegue: se não tu, então quem? Se não o COVID-19, quem virá para salvar a humanidade da extinção por meio de uma autodestruição? Quando aprenderemos que além de humanos somos também parte da natureza, dentes de uma engrenagem muito maior. E que a natureza prescinde de humanos, perpetuando-se para além de nós. Buscar acelerar o fim do paradigma humano ainda não soluciona a soberba inerente à espécie.
Até a próxima aventura social-teórica!
Partindo da compreensão do capitalismo como um sistema viciado e deturpado da lógica social, busca-se meios de superação daquele para a construção de uma outra racionalidade, um outro paradigma de mundo. É nesse novo sistema social que repousam as esperanças de diversos teóricos otimistas e transparadigmáticos, como Boaventura de Sousa Santos. Tal vertente aposta que em um novo paradigma que venha a substituir o sistema capitalista através do resgate de conhecimento empírico de tradicional sem, contudo, rejeitar o conhecimento cientifico. Resgatando tradições econômicas e sociais rejeitadas e esquecidas por serem locais e periféricas.
Neste exato momento, o mundo se vê em uma situação caótica como há muito não se tinha notícias: uma pandemia desencadeada pelo apelo do consumo irracional de animais exóticos, desestruturou as bases da economia mundial afetando, inclusive, as estruturas sociais nos mais diversos territórios. Os efeitos da pandemia do COVID-19 no mundo pode ser ilustrados como a causa da queda de um castelo de cartas que era, aparentemente, sólido. Nesse cenário de caos e incertezas, novos arranjos de poder vão se formar, sempre bem aproveitados pelo poder econômico. Mas este jogo de poder admite outros players que não os tradicionais, que deverão se unir para ter algum impacto.
O pensamento aceleracionista nasce de ensaios de realismo especulativo sobre o futuro próximo, e entende que tudo que humano há de se acabar, dissolver-se no ar. A ideia é acelerar o capitalismo, de essência humana, para que isto acelere o seu fim e, a partir daí seja possível construir um novo paradigma societal. O vírus que assola a humanidade neste ano de 2020 só foi possível pelo capitalismo que criou necessidades e as transformou em mercados nos confins do mundo. Estamos vivendo uma consequência do capitalismo acelerado, uma tragédia poucas vezes vista antes, que deveria ser um ponto de autocrítica do modo de exploração vigente.
A incógnita permanece, pois não há como saber como irá se desenvolver a sociedade pós-pandemia. Há expectativas otimistas e pessimistas, mas uma coisa é certa, nada será como antes. Estamos diante de um ponto de ruptura de escala global, e nos resta esperar para ver como se saem os donos do jogo, se estes ainda ditarão as regras ou se, ainda, outros atores surgirem. Embora não tenha sido diretamente por meio da tecnologia ou da economia, a pandemia resultou do sistema capitalista que, por si só, acelerou os acontecimentos que podem levar ao fim deste.
Deixo aqui o questionamento me persegue: se não tu, então quem? Se não o COVID-19, quem virá para salvar a humanidade da extinção por meio de uma autodestruição? Quando aprenderemos que além de humanos somos também parte da natureza, dentes de uma engrenagem muito maior. E que a natureza prescinde de humanos, perpetuando-se para além de nós. Buscar acelerar o fim do paradigma humano ainda não soluciona a soberba inerente à espécie.
Até a próxima aventura social-teórica!