Este ensaio teórico parte do recente e exponencial interesse da academia sobre o tema da inovação social e suas variadas vertentes, analisando as nuances discursivas de forma crítica.

Uma rápida análise dos acontecimentos recentes na história da humanidade é suficiente para atordoar qualquer cientista social. Logo, um diagnóstico de época das primeiras décadas do seculo XXI, exigiria um esforço considerável.


Olá,

Sim, faz tempo que não dou as caras por aqui. Mas, ontem algo despertou a minha inquietude, pra não dizer a minha fúria, e me fez voltar a refletir sobre quem eu sou, sobre o que eu quero para mim, o que eu quero ser, e onde eu quero chegar.
Na verdade essa discussão vem sendo deixada de lado pela minha pessoa pelos últimos dois anos. Não vou dizer que o mestrado em administração me acomodou, mas as tarefas do curso e do clube de voluntariado meio que deixaram minha ambições maiores em escanteio.
Ate que hoje, após um bela briga eu centrei novamente nas minhas ambições e nas possibilidades que me aguardam. Digamos de uma forma figurativa que meus chacras se alinharam.

Me pergunto aqui, o que você faz quando esquece de si? Das suas aspirações? Das suas motivações?
Na verdade eu não me esqueci, eu sinto que elas estavam anestesiadas pela situação que consumiu meus últimos 24 meses.Voltei ao meu planejamento estratégico pessoal e, não é nenhuma surpresa que preciso realinhar algumas muitas coisas. Impressionante como a gente muda em 24 meses. Há 2 anos eu tinha certeza que seria juíza em sete anos. Agora eu quero ser empresária...
O que mudo? O mundo mudou, eu aprendi a ler o mundo de forma que nunca havia feito antes. E tudo que passei me deu uma bagagem que me permite ajudar outras pessoas com seus negócios, ou começar o meu próprio do zero.
O importante é que saibamos que ponto estamos, para não gastarmos energia e coisas fulas e inúteis.
Parei 10 segundos ontem à noite, no ápice da raiva e respirei fundo me perguntando: a que sirvo?

Eu sirvo a mim, ao meu destino e a minha vida. Se minha vida é ajudar outras pessoas tá aí o meu destino!
De que serve as toneladas de conhecimento acumulado se eu não ajudo ninguém? Aí está minha resposta! Vou ajudar pequenos negócios com aquilo que sei, levantá-los, e fazer com que sigam por si.

Aqui se inicia a fase de consultoria da gabiru. Eu quero seu negócio decolando, eu quero ver você saindo do buraco e conquistando o mundo!!!

gora esse blog volta a ficar movimentado! Muitos estudos de caso pra vocês!

Até mais, meus lyndos!




Segundo o Dr. Russel Barkley, pesquisador com décadas de experiência, são nove os sintomas mais comuns em adultos com TDAH:

  1. É facilmente distraído por estímulos externos ou pensamentos irrelevantes;
  2. Toma decisões impulsivamente;
  3. Tem dificuldade para parar atividades ou um comportamento quando deveria fazê-lo;
  4. Inicia um projeto ou tarefa sem ler ou ouvir atentamente as instruções;
  5. Falha no cumprimento de promessas ou compromissos que firmou com outras pessoas;
  6. Tem problemas para fazer as coisas em sua ordem ou sequência apropriada;
  7. Dirige seu carro muito mais depressa que os outros ou, se não dirige, tem dificuldades de se envolver em atividades de lazer ou fazer coisas divertidas calmamente;
  8. Tem dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades recreativas;
  9. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
Se você respondeu sim a 4 dos 7 primeiros itens, ou respondeu sim a pelo menos 6 dos 9, grande é a probabilidade de você ter TDAH. Mas isso somente um especialista poderá lhe afirmar.


Hoje venho falar sobre uma característica psicológica que me acompanha desde sempre, o Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH. Hoje, com quase 28 anos, sou advogada, servidora federal, mestranda e presidente de uma organização sem fins lucrativos. Pareço uma pessoa extremamente produtiva, focada e organizada, mas não é bem assim.
Começo dizendo que TDAH é genético, e que na minha família paterna há inúmeros casos, inclusive meu pai, meu irmão e eu. Em menino a dimensão hiperativa geralmente prevalece, e nas meninas é a desatenção, mas isso não é regra. Eu sempre fui uma criança muito "arteira" e agitada, que não escrevia nada nos cadernos, mas tinha desempenho acadêmico aceitável. Meu irmão por sua vez, era impossível, oferecia risco a si mesmo pelas traquinagens perigosas que deixaram inúmeras cicatrizes pelo corpo. Ele foi o primeiro a ser diagnosticado, logo na primeira série do primário pois não conseguia terminar uma única frase no caderno. Eu demorei a procurar tratamento pois, embora perdesse coisas, esquecesse datas, me atrasasse e nunca tenha escrito nada nos cadernos, eu lia muito, devorava livros e tinha notas acima de 8.
A dificuldade só se fez presente quando cheguei à graduação, e depois ao mestrado, e fui obrigada a fazer uso de neuroestimulantes. 
Com o diagnóstico e o acompanhamento psiquiátrico, passei a estudar muito sobre o tema, a ponto de conseguir, de alguma forma, desenvolver mecanismos de contingência das características negativas como impulsividade e planejamento futuro.

No texto a seguir faço breve comentários sobre quatro indivíduos: eu, meu irmão, meu pai e meu companheiro (sim, achei um tdah só pra mim). Aprofundando a análise no meu irmão e no meu companheiro, que chamarei de @alfa e @beta.

Primeiramente, peço que assistam o vídeo abaixo e entendam a perspectiva do Dr. Russel Barkley sobre TDAH, de que é um transtorno do desempenho e não de conhecimento.



Por exemplo, a incapacidade de visualizar o futuro é uma inibição da atuação sistema límbico no córtex pré-frontal, que é responsável pela memória a curto prazo, pela distribuição da atenção, pela velocidade de processamento, pelas emoções, motivação e iniciação dos movimentos e, também pela tomada de decisões e controle das emoções. 

O meu TDAH me dificulta lidar com situações desconfortáveis, como pagar contas, tratar com quem eu considero superior, responder a prazos e cobranças, entre outros. 

Já a dimensão do TDAH predominante no @alfa e também no @beta, pende mais para controle de decisões impulsivas, execução de tarefas burocráticas e metódicas.

O meu pai e também o @alfa possuem agressividade impulsiva, que nada mais é que um desequilíbrio entre a ação do córtex pré-frontal e o sistema límbico, que leva à ativação de respostas agressivas a estímulos externos, sem que haja a reflexão adequada ou consideração a respeito das consequências negativas do comportamento. 

Neurotransmissores como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina estão envolvidos no equilíbrio entre os impulsos e o controle que resultam de estímulos por aversão ou provocação, e são essenciais na estratégia de controle do comportamento agressivo impulsivo. 

O nosso psiquiatra dá a impressão de não dar a devida atenção nas consultas, mas ele sabe o que faz. 

No meu caso a estratégia farmacológica é de estimular o foco, diminuir a fuga de pensamento e aumentar a volição, ou seja, a força de vontade de fazer. Logo uso neuroestimulantes como a ritalina e o venvanse. 

No meu pai e no @alfa, e também no caso do @beta, a estratégia é de conter danos e reduzir riscos sociais com inibidores seletivos da recaptura de serotonina, como a Fluoxetina. O efeito da fluoxetina ocorre por meio do aumento da serotonina, neurotransmissor responsável pela impulsividade e agressividade. 

Ou seja, a droga vai só ajudar o indivíduo a pensar melhor antes de agir, e evitar possíveis danos. Para que o indivíduo desenvolva suas capacidades subjetivas é necessário um ambiente favorável que começa com autoconhecimento, apoio familiar, terapia e a compreensão de que não se trata de adquirir conhecimento e sim de facilitar os processos executivos.

Por exemplo: formação acadêmica por si só para o @alfa ou para o @beta tem pouco ou nenhum impacto para a execução de tarefas, planos e objetivos futuros, nessa direção também estão os planejamentos, esquemas e estratégias que forcem produtividade.

Tanto o @alfa quanto o @beta têm alta capacidade de assimilação de informações e aprendizado, habilidades comunicativas e operacionais altas e inteligência interpessoal fantástica. 

O @alfa, em específico tem alta empatia, inteligência musical, cinestésica e lógico-matemática predominantes, aliadas as já mencionadas comunicativa, operacional e interpessoal. 
Indicando afinidade com áreas criativas, comerciais, atendimento ao público, processos indutivos e gerenciamento de pessoas, relações-públicas e áreas operacionais como educação física e fisioterapia.
Pouca afinidade com áreas de planejamento, estratégia, análise de dados quantitativos, processos dedutivos e gerenciamento de risco

O @beta além das inteligências comunicativa, operacional e interpessoal, é proativo e tem ainda as inteligências visual, espacial, lógico-matemática e cinestésica. 
Indica afinidade com áreas comerciais, negociação, arquitetura e engenharia civil, operação de máquinas de grande porte, motivação de equipes, fisioterapia e relações-públicas. 
Tem pouca afinidade com atividades burocráticas e metódicas, análises objetivas, planejamento estratégico, finanças e orçamento, processos gerenciais e gerenciamento de risco.

Uma abordagem adequada levaria em conta a estrutura social próxima, família, amigos e chefia, para estabelecer uma rotina para minimizar turbulências diversas. Um ambiente estável tem a finalidade de evitar imprevistos que levam a reações impulsivas. Além disso, as pessoas presentes na convivência social habitual devem ter sempre em mente que é preciso, de forma contínua, reafirmar os sonhos e objetivos traçados, pois é aqui que reside o dilema fundamental de todo TDAH: é um transtorno do desempenho, ou como diria o Dr. Russel Barkley, uma miopia de eventos futuros.



Resumo visual da teoria triangular do amor de Sternberg.

Estudo original: Sternberg, R. J. (1986). A triangular theory of love. Psychological Review, 93(2), 119-135. Link
 Este artigo faz parte de uma série de publicações que se propõe a treinar líderes (aqui me refiro a presidentes de Rotaract clubes, mas não é específico a estes) para a construção de perfis psicológicos com como ferramentas de planejamento estratégico, processos decisórios e gerenciamento de risco, usando pra tanto teorias de cognição.



Olá, meus amores! Faz tempo que não posto nada aqui, mas não esqueci da função real desse espaço e a importância dele para minha formação como cientista social. Portanto, vim hoje aqui compartilhar algo que fez diferença em minha caminhada como pessoa, e mudou a forma que lido com o futuro: planejamento estratégico.

Creio que o termo não seja novo para muita gente, principalmente aqueles que estudam e/ou aplicam a administração, a novidade aqui foi que faz quase um ano que adaptei uma metodologia de planejamento estratégico organizacional para o gerenciamento da minha vida pessoal. A ideia surgiu após um treinamento para administração de clubes de Rotaract, onde um engenheiro que não lembro o nome, propôs que nós, futuros presidentes e secretários, aplicássemos a metodologia ao planejamento do clube. Saí de lá cheia de ideias e motivação e, naquela mesma semana, dediquei uma noite inteira à adaptação do método para o planejamento pessoal. O resultado foi um documento simples em word, que me fez pensar profundamente sobre minha vida e carreira, passando pelas bases de minha construção como pessoa, metas, forças e fraquezas.

É lógico que tal abordagem não é imune a críticas, eu mesma a percebo com vieses gerencialistas, logo é funcionalista: paradigma hegemônico que minha própria pesquisa tenta superar. Mas aqui, vou adotar a postura otimista dos teóricos transmodernos e usar de tal método como ferramenta para construção de uma vida que me permita ter liberdade em diversas dimensões, inclusive a de pesquisadora e cientista social emancipada. Ou seja, usar do conhecimento produzido pela ciência tradicional para transformar a realidade e os contextos em que me insiro como indivíduo em sociedade.

Planejamento estratégico surge nos anos 70 com a crise do petróleo, onde as organizações viram que o planejamento operacional tradicional já não era suficiente, sendo necessário pensar além. Os estudos e aplicações evoluíram ao longo das décadas, e vários frameworks surgiram para dar conta da complexidade organizacional. Mas basicamente, é um meio de implantar um plano de ações para que as aspirações e intenções de uma organização se realizem dentro de um tempo determinado. Dentre todas as etapas possíveis de se aplicar em um contexto organizacional, consegui adaptar as seguintes para um planejamento pessoal:
  1. Missão
  2. Visão
  3. Valores
  4. Política pessoal
    1. Finanças
    2. Marido
    3. Amigos
    4. Filhos
    5. Carreira
  5. Forças e fraquezas
    1. Conhecimentos
    2. Finanças
    3. Saúde
    4. Apresentação pessoal (imagem)
    5. Organização e trabalho
    6. Cidadania e voluntariado
  6. Conhecendo meu mercado
  7. Elaboração de um quadro SWOT - Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças)
  8. Meta de vida
  9. Objetivos - enumerados e estruturados em forma de um quadro de controle
Tal estrutura é flexível, e você pode adaptar conforme a sua realidade e contexto, mas a finalidade permanece a mesma: planejar estrategicamente sua vida de forma a ter uma visão geral daquilo que se pretende conquistar, adequando a rota conforme novas situações ou problemas surjam. Este é o link de um modelo que elaborei:

Modelo

Aproveitem, modifiquem, melhorem e compartilhem!






Os textos compõem o ultimo bloco de seminários da matéria de Inovação e Sociedade, e tendo o seguinte título: Organizações: Práticas de sujeição e iniciativas público/privadas de emancipação.

O termo organizações aqui tem sentido amplo e, no contexto plural apresentado, não faz referência ao estudo específico das teorias das organizações, mas remete a perspectivas de análise paradigmáticas ao tratar de descontinuidades sistêmicas (Manzini). Praticas de sujeição remete às relações de controle, como na regulação da sociedade pelo mercado (Foucault) quando se discute o homo economicus empresário de si. E por fim, a emancipação é fruto do pensamento de Marx e do seu diagnóstico de época, sendo o primeiro princípio fundamental da teoria crítica, discutida por autores Horkheimer, Adorno, Habermas, Honneth e Fraser (para citar alguns). O título, portanto, orienta uma leitura por diferentes abordagens paradigmáticas, de modo que leva a constatação da exaustão do modelo de racionalidade hegemônico funcionalista, e orienta a busca por uma racionalidade orientada para a superação das mazelas do nosso tempo.
Para se proceder à análise dos textos propostos, é necessário entender minimamente sobre a construção histórica que teve como resultado a atual lente hegemônica de percepção da realidade. Do iluminismo surge a razão e dá-se início à modernidade, e surge a partir daí a análise do modernismo crítico (Kant) e do sistêmico (Comte). A racionalização funcionalista surge do modernismo sistêmico, e sua busca por controle sobre as complexidades sociais. O desenvolvimento tecnológico, a ciência, as organizações modernas permitiram a ascensão do paradigma hegemônico funcionalista e das demais teorias organizacionais a ele relacionadas.
O modernismo crítico ficou apagado frente ao funcionalismo, embora viesse a ser objeto de estudo de Marx e de sua teoria crítica e sua abordagem radical produtivista da realidade. Os estudos críticos foram desenvolvidos por Adorno, Hokheimer, e ainda, por Habermas em sua racionalidade comunicativa (escola de Frankfurt).
Embora rivais, o modernismo sistêmico e o crítico compartilham a crença num mundo intrinsecamente lógico e com significado, constituído pela Razão ou fundação universal. E é aí que repousa a contraposição do pós-modernismo a ambos, tanto ao sistêmico quanto ao crítico.
No pós-modernismo, que adota princípios da teoria quântica e da microfísica que redefinem os sistemas previsíveis, há uma busca por instabilidades, e um retorno à paixão, aos impulsos além do controle, renegados no século anterior aos romances literários. A hegemonia funcionalista é considerada normal, é uma racionalidade criada para esconder as contradições imanentes da realidade, que ao ser desconstruída revela estruturas artificiais. Ao contrário do discurso sistemático, o discurso edificante busca o extraordinário dentro do comum/normal. Nietszche diz que as forças ativa e reativa são focadas no corpo, ele é autorreferencial, e ainda segundo Foucault, o corpo é lugar da paixão, desejos, é um volume em perpétua desintegração.
Na abordagem de Morgan e Burrell sobre a inter-relação entre os paradigmas, divide-se em quadrantes algumas lentes da realidade: Objetiva, Subjetiva, Regulação e Mudança Radical. São os paradigmas: humanista radical, estruturalista radical, interpretativista e funcionalista.
Agora sim, com uma base teórica sobre os paradigmas, pode se analisar os três textos apresentados quanto a sua relação com realidade posta e os problemas que surgem desta.
Em O banqueiro dos pobres, o autor parte de uma discussão sobre a estrutura burocrática do Estado e da atuação deste no socorro aos excluídos do capitalismo. Embora critique o capitalismo, afirma não ser liberal (no sentido econômico), mas ao mesmo tempo acredita numa economia global de livre mercado e na participação dela usando das ferramentas capitalistas. Nota-se que falta ao autor profundidade teórica: ele adota uma postura reformista ao tratar do programa de microcrédito criado por ele; faz palanque ao trabalho autônomo, consoante com o pensamento neoliberal ao rechaçar o trabalho assalariado, tirando do estado e do mercado grande parte da responsabilidade nas desigualdades sociais. É adepto do Estado mínimo, reconhece apenas que o capitalismo falhou em dividir o “bolo”, deixando de fora a parte de que além de não cumprir com a distribuição de riquezas, ainda acentuou as desigualdades sociais ao precarizar o trabalho, e explorar os recursos naturais.
A iniciativa de combater a pobreza com microcrédito de Yunus é sim um bom exemplo de Inovação Social: opõe-se à lógica funcionalista da educação formal ao reconhecer a validade do que chama de “dom inato”, o que nos permite remeter à concepção de saberes construídos no e pelo trabalho Barato (2008). O microcrédito possibilita uma transformação da realidade dos financiados: geração de renda, autonomia das mulheres, integração ao tecido social, planejamento familiar e maiores níveis de educação. Isso tudo leva à emancipação, à quebra dos círculos de pobreza e miséria, resultando em um potencial transformador em escala.
A crítica se faz não ao potencial emancipatório e transformador da Inovação Social, mas à manutenção do status quo o autor assume. Não há ruptura com as estruturas condicionantes da realidade, o que faz da iniciativa um recurso paliativo num cenário que perpetua estados de exclusão incompatíveis com o desenvolvimento científico e tecnológico da humanidade.
-A iniciativa tem características disruptivas que remetem à teoria crítica e portanto a Paradigma do Humanismo Radical, mas em seu discurso, o autor se posiciona muito próximo a estruturas hegemônico-funcionalistas. A metanarrativa, conforme Reed (2007), se posiciona ao lado do mercado, e tem como problemática principal a liberdade e como contexto o capitalismo neoliberal.
Manzini parte de uma perspectiva pessimista quanto aos rumos da humanidade que insiste numa lógica de consumo insustentável. Constata os paradoxos do capitalismo que sempre se supera a custos humanos e ambientais altíssimos. Propõe uma mudança radical, uma descontinuidade sistêmica, como solução, adotando para isso um paradigma democrático de inovação social, para uma profunda e lenta transformação por meio de processos de aprendizagem social.
Vê-se semelhança com a sociologia da mudança radical, nos moldes do humanismo radical, de modo a superar uma dominação ideológica orientada para o consumo. Prevê, também, sustentabilidade e autonomia, em uma metanarrativa de justiça, tendo como problemática principal a participação, em um contexto de democrático participativo. Surge de forma reativa rica em debates, e conforme Marsden e Townley, contraria a lógica Positivista, objetivista, realista e voltada para a eficácia e para a eficiência onde há um processo de acumulação, aproximando-se portanto da Teoria organizacional contranormal.

PORÉM...

Seria essa a lógica se proposta de ruptura de Manzini tão radical, a ponto de, em busca do desenvolvimento sustentável, entrar em conflito a própria teoria crítica, seja ela produtivista, comunicativa ou referente à identidade, não cobrindo por completo a dimensão sustentável. Está acontecendo, segundo Boa ventura Santos além de uma transição paradigmática, uma crise das sociedades, que tende a causar rupturas profundas no tecido social.
Para isso, aos paradigmas atuais faltam mecanismos complexos, plurais e dinâmicos, sendo então necessário um novo paradigma, que ele chama de “emergente”.

“O paradigma emergente constitui-se em redor de temas que em dado momento são adotados por comunidades interpretativas concretas como projetos de vida locais, sejam eles reconstituir a história de um lugar, manter um espaço verde, construir um computador adequado às necessidades locais, fazer baixar a taxa de mortalidade infantil, inventar um novo instrumento musical, erradicar uma doença (...). Essa nova ciência é tradutora, incentiva os conceitos e as teorias locais a emigrarem para outros lugares – conhecimento sobre as condições de possibilidade, pluralidade metodológica. O conhecimento pós-moderno, sendo total, não é determinístico, sendo local, não é descritivista. É um conhecimento sobre as condições de possibilidades. As condições de possibilidades da ação humana projetada no mundo a partir de um espaço-tempo local.”
- O paradigma emergente de Santos parece casar com a transformação radical da realidade à partir do modelo de inovações sociais através do processo de aprendizagem social.
Ambrózio vai tratar de Biopoder e Governamentalidade, trazidos por Foucault, sendo este um expoente da abordagem pós-moderna de análise da realidade. Há uma dura crítica às relações de controle contemporâneas ao comparar a docilidade do sujeito frente ao soberano desconhecido da metáfora de Kafka. Foucault dizia q o corpo é crítico em sociedade disciplinar. Biopoder é exercício de poder sobre a vida, ampliando sua potencia produtiva docilidade e regulação. Mas as formas de disciplina sobre o corpo foram superadas por uma sociedade de controle, que emergiu junto com o sistema neoliberal: há intervenção maciça do Estado na Sociedade civil, garantindo a liberdade do mercado e o controle contínuo e fluido do indivíduo. A figura sem rosto que comanda a realidade se perpetua ao estimular a competição entre sujeitos, tornando-os empresas, capitalizando o homem, que cegamente, como os operário chineses, obedecem ao deus mercado. Foucault resume-se na problemática do controle, em uma metanarrativa do conhecimento no contexto pós-moderno.

Referências

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BARATO, Jarbas Novelino. Conhecimento, trabalho e obra: uma proposta metodológica para a Educação Profissional. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof, v. 34, n. 3, p. 4–15, 2008. Disponível em: <http://www.bts.senac.br/index.php/bts/article/view/262>. Acesso em 10 set. 2018.

BARBOZA LACERDA, Luiz Felipe; VIEIRA FERRARINI, Adriane. Inovação social ou compensação?: Reflexões acerca das práticas corporativas. Polis, Santiago , v. 12, n. 35, p. 357-379, 2013 . Disponível em <https://scielo.conicyt.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-65682013000200016&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 10 set. 2018.

COOPER, Robert; BURRELL, Gibson. Modernismo, pós-modernismo e análise organizacional: uma introdução. RAE-Revista de Administração de Empresas, [S.l.], v. 46, n. 1, p. 87-101, jan. 2006. ISSN 2178-938X. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rae/article/view/37086>. Acesso em: 11 Set. 2018.

MANZINI, Ezio. Design para a Inovação Social e Sustentabilidade: comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Rio de Janeiro: E-papers, 2008.

MORGAN, Gareth. Paradigmas, Metáforas e Resolução de Quebra-cabeças na Teoria das Organizações. RAE-Revista de Administração de Empresas, v. 45, n. 1, jan-mar, p.58-71, 2005. Disponível em <https://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/10.1590_s0034-75902005000100009_0.pdf>. Acesso em 10 set. 2018.

MUNCK, Luciano. SOUZA, Rafael Morin de. Estudos organizacionais: uma relação entre paradigmas,metanarrativas, pontos de interseção e segmentações teóricas. PRETEXTO. Belo Horizonte v. 11n. 2p. abr. /jun. 2010. Disponível em <http://www.fumec.br/revistas/pretexto/article/view/647> Acesso em: 10 set. 2018.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pós-moderna. Estud. av., São Paulo , v. 2, n. 2, p. 46-71, Aug. 1988 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141988000200007&lng=en&nrm=iso>. access on 11 Sept. 2018.

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